Nota Reflexiva sobre a Problemática do Suicídio em Angola
- Herman Manuel
- 5 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Estamos no mês de setembro, marcado pela campanha mundial Setembro Amarelo, que tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental e prevenir o suicídio. Em Angola, a questão do suicídio se agrava devido a factores econômicos, sociais e culturais que têm impactado profundamente a vida de muitos cidadãos.
Nos últimos três anos, foram registradas aproximadamente 2.500 mortes por suicídio em Angola, conforme dados do Ministério da Saúde. A crise econômica que atinge o país desde 2014 é um fator central nesse aumento, afetando principalmente jovens e adultos em idade produtiva. O desemprego, a insegurança financeira e a falta de perspectivas têm contribuído significativamente para o aumento da prevalência de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, que são importantes gatilhos para o comportamento suicida.
Além das dificuldades econômicas, o estigma social em torno da saúde mental continua a ser um grande obstáculo. Muitas pessoas ainda veem o sofrimento psicológico como uma fraqueza, o que as impede de buscar ajuda. Essa falta de apoio adequado, aliada à ausência de políticas públicas mais eficazes, tem levado muitos angolanos a situações extremas, onde o suicídio parece ser a única saída.
A situação é ainda mais crítica em comunidades rurais e áreas remotas, onde não há um registro preciso de casos de suicídio, e a rede de apoio à saúde mental é praticamente inexistente. Isso faz com que o número real de suicídios possa ser muito maior do que o oficialmente divulgado. Essa realidade mostra a urgência de ações concretas para melhorar o acesso aos serviços de saúde mental em todo o país.
No contexto do Setembro Amarelo, é fundamental reforçar a importância da conscientização e da educação da população sobre os sinais de alerta para o suicídio. Identificar comportamentos de risco, como isolamento, mudanças bruscas de humor e falas sobre desesperança, pode salvar vidas.
Como psicólogos e agentes de saúde mental, temos a responsabilidade de promover a escuta ativa e oferecer suporte psicológico a quem mais precisa.
Devemos também incentivar o governo e as instituições políticas públicas robustas na integração de saúde mental nos cuidados primários de saúde pública, tornando o acesso ao tratamento e ao acompanhamento psicológico uma realidade para todos os angolanos.
Cuidar da mente é salvar vidas.
Saúde mental importa, e a luta contra o suicídio deve ser uma prioridade Nacional.
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