Abuso sexual contra menores em Angola: Dados nacionais de 2018 sob analise de um Psicólogo
- Herman Manuel
- 12 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2020

Diariamente em angola, são registados cerca de 5 denuncias de crime de abuso sexual contra menores. Só em 2018, no nosso país registou cerca de 1.750 casos de abuso sexual, sendo Luanda e Huila as províncias com maior incidência. Por maior que sejam os números adiantados pelo gabinete de comunicação da Polícia Nacional, acredita-se que os casos de abuso sexual sejam bem maiores que as denuncias recebidas, pois, grande parte dos casos permanece ainda ocultos.
Nota-se ainda mediante os presentes dados, que o índice de abuso sexual subiu 20% , Sendo os pais os maiores molestadores. As vítimas preferências eram essencialmente crianças dos 5 meses aos 14 anos de idade.
Percebeu-se ainda que que os actos abusivos ocorriam de modo recorrente, ou seja, as vitimas eram abusadas durante dias, meses e quiçá anos, num local e horário específico em que o agressor encontrava a totalmente desprotegida.
Em geral, grande parte das vítimas vivia com o agressor na mesma casa, o qual, usava de ameaças físicas e chantagens para conseguir atingir seus objectivos sexuais.
Segundo os relatos das vítimas em programas televisivos e radiofónicos, em diversos casos, houve quase sempre tentativa dos menores contarem o sucedido, entretanto, muitos não eram levados em conta, julgando os mais velhos que a história se tratava apenas de uma invenção criada pela criança. Por lado, quando a verdade saísse à tona e os factos se comprovassem, os tutores secundários (mães , tia e avô) tendiam a ocultar o facto, sendo que em grande parte dos casos o agressor era quem dava sustento total a casa e uma fez ele preso, quem manteria a casa?
Houve também um número de casos, embora reduzidos, no qual a família do agressor insurgiu-se contra a menor abusada e os membros da família que a protegiam, alegando que não havia necessidade de levar o caso as instâncias judiciais, quando se podia resolver o caso em reuniões familiares.
Dentre os casos de abuso sexual contra menores, um pequeno número culminou com a morte da vítima e todos outros culminaram com lesões físicas notáveis e o desenvolvimento de um extremo sofrimento psíquico por parte da vida e dos familiares directos.
Caros leitores, estes são apenas os dados recolhidos pela média e pelas denuncias polícias, sendo que já se mostram um tanto quanto assustadores, imaginemos agora quais podem ser os reais números de abuso sexual contra menores?
Abuso sexual é um problema grave, um problema que coloca em risco o saudável desenvolvimento físico, psicologia e social da criança, e como tal, devia merecer uma especial atenção por parte dos órgãos legais país.
Já começa a ser importante a criação de um protocolo multidisciplinar para lidar com menores abusados sexualmente, no intuito de diminuir os danos do abuso e permitir assim uma reintegração social mais satisfatória. Desta feita, um outro protocolo também ja devia ser criado no intuito de entender melhor as motivações do agressor, assim criar um conjunto de mecanismo para evitar que mais crianças sejam vítimas deste mal que tanto nos assola.
Porém, mais importante é prevenir do que combater. Não somente o estado devia se preocupar com o abuso sexual, mas a família também, sendo que acto ocorre no seu seio. Os pais devem desde cedo começar a conversar com os pequenos sobre sexualidade, pois este exercício permite que elas conheçam mais sobre assunto e consigam se defender.
Por outra, é importante que os pais consigam manter relações de confiança com os seus filhos, de modo a permitir que eles possam ser mais abertas e possam expor seus problemas sem medo.
Como podemos ver, a problemática do abuso sexual é maior que imaginamos e a luta contra o mesmo deve passar essencialmente por falar sobre o assunto, de modo a se encontrar as melhores estratégias para se diminuir os efeitos negativos nas vítimas e reinserir de modo exitoso as personagens do acto abusivo, isto é, a vítima e o agressor.
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