Homicídio passional em Angola: Dados de 2019, Sob analise de um Psicólogo

O ano 2019 foi em Angola foi marcado pelo grande elevar da criminalidade nas comunidades, sendo que dentre os diversos crimes, destacara-se com grande notoriedade os homicídios passionais. Contudo uma pergunta que não se cala: Porque motivo alguém que jura amar, tira a vida da pessoa amada?

Dados estatísticos avançados pela Direcção do Estabelecimento Penitenciário de Viana (Jornal de Angola, 2019), revelam que até Maio deste ano, 897 homens e mais de 200 mulheres, acusados de homicídios dos respectivos parceiros encontravam-se detidos. Por outro lado, dados adiantados pelo Serviço de Investigação Criminal de Angola, demonstram um aumento de mais ou menos 90% dos homicídios passionais dentre 2018 à 2019, sendo as mulheres as principais visadas. Em 2018, segundo informação da TPA, o SIC registou mais de trinta casos de mulheres mortas pelos seus parceiros, sendo que no corrente ano, a cifra já elevou-se a mais de 80 casos até o momento.

Preocupante, não?

Quando abordados, os autores apontam varias justificativas para os seus actos, destacando-se os ciúmes, desconfianças e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

O homicídio passional como podemos notar, não tem rosto, idade ou estrato social, predefinidos, pois se olharmos para os algozes, encontraremos indivíduos de várias e idades, sexo e estratos sociais.

No Estabelecimento Prisional de Viana, por exemplo, encontram-se detidos por crimes passionais advogados, jornalistas, bancários, agentes da Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas e profissionais de outras áreas do saber.

Se olharmos com algum cuidado, podemos perceber que grande parte dos crimes passionais poderiam ser evitados, caso as vítimas conseguissem fazer, em tempo útil, uma interpretação correcta dos sinais de alerta demonstrado pelo agressor. Ora vejamos, será que uma pessoa se torna violenta de um dia para o outro?

Temos motivos para pensar que muitas vezes, as pessoas negligenciam os sinais por acreditarem que o presumível agressor pode mudar de comportamento. Muitos preferem acreditar que se trata de amor, afecto ou falta de protecção, quando na verdade pode se tratar de uma pessoa com propensão para o controlo obsessivo do parceiro ou cônjuge.

Acreditamos que as paixões tempestuosas costumam vir acompanhadas de alguma possessão e impulsividade, sendo que estes imputes quando mal manejados podem causar brigas frequentes entre o casal, que não raramente, culminam em morte da vítima ou do agressor.

Para terminar, é importante ressaltar a necessidade de não se ignorar os sinais de violência dos parceiros, afinal, quem ama não fere a pessoa amada, mas cuida acima de tudo.

O amor é um dos sentimentos mais lindo que existe, quando bem administrado, chega mesmo a tornar-se numa fonte poderosa de satisfação e resolução de problemas, entretanto, quando mal administrado, pode transformar-se numa bomba a relógio.

Consultar por um psicólogo pode ser uma das formas de aprender a controlar nossas emoções e promover bem-estar no relacionamento.

Fontes:

TPA - Serviço de informações, 26/11/2019

Jornal de Angola , Edição 24/09/2019

Huss, M. Psicologia Forense. Pesquisa, pratica clínica e aplicações. 2011