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O Sadismo por trás do Linchamento Público - Caso Caleb

  • Foto do escritor: Herman Manuel
    Herman Manuel
  • 21 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura


A cidade de Luanda tem sido palco de uma série de incidentes de linchamento público, um fenômeno preocupante que reflete tensões sociais e uma desconfiança nas instituições de justiça.


O caso de Caleb Nzinga é um exemplo trágico dessa tendência, onde a justiça por mãos próprias levou a um resultado fatal. O presente texto, busca entender como o sadismo (dentre vários outros factores psicológicos que influenciam o acto), pode levar as pessoas a participar destes tipos de actos.


O sadismo, definido como a tendência de obter prazer através da dor ou humilhação de outros, e isso pode ser um fator significativo em linchamentos públicos. Indivíduos com inclinações sádicas podem ver tais eventos como oportunidades para expressar seus impulsos destrutivos sob o disfarce de justiça. O linchamento oferece um palco onde actos de crueldade podem ser realizados com menor risco de repercussão legal, devido ao anonimato e à presença de outros participantes.


A presença de sadismo pode intensificar a violência de um linchamento, levando a actos que vão além da mera punição até a tortura gratuita. Isso não apenas aumenta o sofrimento da vítima, mas também pode ter um efeito desumanizante sobre os espectadores e participantes, corroendo a empatia e reforçando a ideia de que a violência é uma resposta aceitável a transgressões percebidas.


A justiça por mãos próprias surge frequentemente em contextos onde há uma percepção de ineficácia ou corrupção nas instituições legais. No entanto, ela subverte o estado de direito e pode levar a injustiças graves, pois não há garantia de um julgamento justo ou de que a punição será proporcional ao crime. Além disso, a justiça por mãos próprias pode perpetuar ciclos de violência e vingança, prejudicando a coesão social e a confiança na lei.



A educação pública sobre os direitos humanos e o estado de direito também é essencial. As pessoas devem ser encorajadas a confiar no sistema legal para resolver disputas e a entender que a justiça verdadeira só pode ser alcançada através de processos legais legítimos.


Por outro lado, as autoridades precisam envidar maior esforços para restaurar a confiança nas instituições, melhorando a transparência e a eficácia do sistema de justiça.


Em resumo, o sadismo pode desempenhar um papel pernicioso em linchamentos públicos, exacerbando a violência e prejudicando o tecido moral da sociedade. A justiça por mãos próprias, embora possa parecer uma resposta imediata a injustiças, mina o estado de direito e pode levar a mais danos. Uma resposta institucional forte é necessária para manter a ordem, a justiça e a dignidade humana.


Com respeito,

Herman Manuel

Psicólogo Clínico e Forense

 
 
 

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