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Perfil Psicossocial do jovem delinquente (Estudo de Caso Luanda-Angola)

  • Foto do escritor: Herman Manuel
    Herman Manuel
  • 6 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura


É quase impossível ligar o noticiário e não ouvir ao menos dois casos de delinquência passar. Esta problemática é tão seria, que não somente vai devastando vidas de vítimas, mas como também dos agressores, que podiam emprestar sua força para alavancar o crescimento de algum sector social país.


Trago em seguida, alguns dados importantes que nos vão permitir ter uma noção do perfil do delinquente juvenil em Luanda, que são, de onde vem e que motivos o levam a esta vida.


Na ausência de dados oficiais publicados recentemente, para analise deste fenómeno que tanto assola nossa sociedade, socorri-me a dados empíricos minha experiência de coordenador de psicologia do Centro de Reeducação de Menores (CERMEC), bem como, psicólogo voluntário no Departamento de Combate a Delinquência Juvenil do SPIC-Luanda, .


O perfil de jovens infractores em geral é predominantemente formado por indivíduos do sexo masculino, entre 12 e 18 anos de idade. Grande parte destes infractores é do género masculino e apenas uma pequena parte é do género feminino.


Nota-se também que grande parte deles não frequentam a escola, muitos nem chegam se sequer a ser alfabetizados, tampouco trabalham, sendo que quase todos viviam com a família quando praticaram suas primeiras infracções.


Estar associado a um grupo ou gangue é uma característica comum entre os delinquentes, bem como o recurso a substâncias tóxicas, tal como Canábis (Liamba), crack, álcool ou cocaína.


Quanto avaliação do perfil social, notou-se que grande parte deles acarretam diversos problemas relacionados ao contexto familiar, nomeadamente, relacionamento parental fracassado, falta de supervisão dos pais, existência de criminalidade na família e disciplina rígida ou ineficaz são vistos como alguns dos factores de risco mais significativos. Mais estranho ainda é que entre muitos infractores, os progenitores são policiais, militares ou bombeiros.


De facto, a família é o primeiro agente de socialização da criança e por muitos anos permanece como o único ou o mais importante, mantendo contacto com ela durante o período de estruturação de sua personalidade em um tempo de maior dependência e plasticidade. Entretanto, não é apenas o contexto da família que apresenta factores de risco para os delitos cometidos por adolescentes.


Acredita-se que outros elementos sociais e dinâmicos também estejam envolvidos. Entre eles, podem-se destacar o fraco desempenho escolar, o nível sócio-económico baixo, a convivência com amigos infractores, a participação em gangues, o fácil acesso a armas de fogo, a promiscuidade sexual e o uso precoce de substâncias psicoativas.


Ademais, quando avaliados do ponto de vista psicológico, muitos destes adolescentes em conflito com a lei apresentam características que preenchem o diagnóstico de algumas patologias que podem influenciar em maior ou menor escala a sua conduta. É comum a ocorrência de condições, como transtorno da conduta/traços, que indicam estar se desenvolvendo um transtorno da personalidade antissocial, transtornos do humor (especial mania e depressão) e o já referido uso de álcool e outras drogas. Além dos já mencionados, podem verificar-se a existência de sintomas que preenchem os transtornos de ansiedade e transtorno de deficit de atenção/ hiperatividade (TDAH).


Olhando para estas características, percebe-se perfeitamente que criamos os monstros que nos destroem. Já dizia alguns ilustres sociólogos, cada sociedade cria os criminosos que tem.


Não é possível olhar para este quadro sem apontar culpas a familiar numa primeira fase, por negligenciar a educação e a transmissão de questões éticas e morais, numa segunda fase as escolas, por focarem-se excessivamente nos conteúdos académicos e esquecerem-se em muitos casos de focar também na ética e desenvolvimento moral dos menores, sendo por ultimo, voltado a atenção para o governo, pela incapacidade de criar condições sociais de auto-sustentabilidade familiar, bem como, de criar condições que facilitem a inserção e reinserção de menores na sociedade.

 
 
 

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